Olha como é que ela vem! A Quinta Gramatical dessa semana vai tratar de um assunto que com certeza ainda te deixa com um pézinho atrás: a colocação pronominal. Mas antes de começarmos, vamos relembrar rapidinho o que é essa tal de colocação pronominal e quais são os pronomes envolvidos.
Colocação pronominal diz respeito à posição do pronome oblíquo átono numa oração, que pode aparecer antes, depois ou no meio do verbo.
Pronomes oblíquos átonos são aqueles que substituem um substantivo, são eles: me, te, se, o, a, lhe, nos, vos, os, as e lhes. Esses pronomes desempenham papel de objeto da oração.
Embora não sigamos com muito rigor as regras de colocação pronominal na linguagem falada ou mesmo na escrita informal, quando estamos utilizando a variação padrão da língua, devemos nos atentar a algumas normas.
Antes do verbo
O pronome oblíquo se posiciona antes do verbo nos seguintes contextos:
a) Orações com palavras de sentido negativo (nunca, jamais, não, ninguém etc):
Exemplos:
1) Não me chame assim;
2) “Dele nunca me esqueci, depois, tantos anos todos” ( Guimarães Rosa);
3) Ninguém nos convidou para a festa.
b) Orações em que o verbo é precedido por um advérbio:
Exemplos:
1) “Estava mesmo persuadido de que realmente me sentiria lisonjeada?” (Jane Austen)
2) Semana passada o vi no mercado;
3) Sempre nos disseram para ter cuidado ao passarmos por esta rua.
Atenção: Esta regra não se aplica nos casos em que o advérbio está separado do restante da oração por vírgula como no exemplo a seguir:
✕Pela manhã, lhe chamei para conversar.
✓Pela manhã, chamei-lhe para conversar.
c) Orações introduzidas por pronome relativo:
Exemplos:
1) Esse é o livro ao qual me referia;
2) “E é por isso que me é intolerável o paraíso” ( Clarice Lispector)
3) Fomos ao encontro da enfermeira quando nos chamou.
d)Orações nas quais um pronome indefinido ou demonstrativo precede o verbo:
Exemplos:
1) “Sempre que alguma coisa desaparecia na escola, ela sentia que todos lhe lançavam olhares acusadores” (Ken Follett);
2) Alguém me disse para não confiar nele;
3) Aquilo me chocou muito;
4) “logo começaram a deslizar em sua mente imagens da irmã Zelda, e isso lhe embotou o pensamento” (Stephen King).
e) Diante de conjunções subordinativas:
Exemplos:
1) Como nos instruíram a permanecer em casa, não fomos ao baile;
2) Embora me incomodasse o fato do professor ter chegado atrasado, não comentei nada;
3) ”Se lhe pedissem para definir a qualidade ou natureza daquela vitalidade, não seria capaz” (Stephen King);
4) Aja conforme lhe mandaram.
Depois do verbo
O pronome oblíquo se posiciona após o verbo nos seguintes casos:
a) Início de oração, com exceção dos casos apresentados anteriormente:
Exemplos:
1) “Deitei-me na beira da cama, e deixei meu braço pendurado para dentro da caixa” (John Grogan);
2) Levantou-se e vestiu-se rapidamente pois estava atrasado;
3) Olharam-se perplexos com o que haviam acabado de ouvir;
4) Procurei-o em toda parte, mas não o encontrei.
b)Diante de verbos no infinitivo impessoal:
Exemplos:
1) Tenho receio de informar-lhes o diagnóstico;
2) Nós desejamos encontrá-lo no futuro;
3) “A minha mãe teve muitas dificuldades em criar-me e mandar-me para a escola “ (Ken Follett)
4) Os garotos passaram a encontrar-se todos os dias depois da escola.
c)Diante de verbos no imperativo:
Exemplos:
1) Arrume sua postura e vire-se para frente;
2) Por favor, atente-se à ortografia do seu texto;
3) Cale-se
d)Diante de verbos no gerúndio:
Exemplos:
1) Kath passou observando-nos;
2) Os gêmeos univitelinos surgem quando um embrião se divide ao meio, no útero, transformando-se em dois indivíduos (Ken Follett);
3) Sigo esforçando-me para atingir meus objetivos.
No meio do verbo
Apesar de bem raro na língua portuguesa, também é possível alocar o pronome pessoal oblíquo no meio do verbo. Isso ocorre somente em dois casos: com verbos no futuro do pretérito ou no futuro do presente. Veja os exemplos:
1) Se fosse possível, sem dúvidas ele trá-lo-ia de volta à vida;
2) Creio que casar-nos-íamos se fossemos novos;
3) “Não lhe serão feitas quaisquer perguntas e pedir-se-á ao tribunal que designe um defensor público” (Ken Follett);
4) Ao cair da noite, matá-lo-ei.
Mas cuidado, pois esse tipo de colocação é bastante formal e, a depender do contexto, pode prejudicar a fluidez do seu texto.
E aí, gostou das dicas de hoje? Então siga a Odisseia nas redes sociais e não perca nenhuma novidade!