Pronto pra embarcar em mais uma Quinta Gramatical? Continuando nossa série de dicas sobre figuras de linguagem, chegou a vez de falar da Elipse e da Zeugma, duas figuras de sintáticas com as quais você com certeza já esbarrou por aí, ou até mesmo já utilizou.
A Elipse consiste em omitir uma ou mais palavras em uma oração de podem ser facilmente recuperadas através do contexto. Veja alguns exemplos:
(1) “Todos esses que aí estão
Atravancando meu caminho,
Eles passarão…
Eu passarinho!” (Poeminha do Contra, Mario Quintana)
(2) “Vivo avoando sem nunca mais parar” (Novos Baianos)
No poema de Mario Quintana, que serviu como um espécie de recado de superação após ser recusado três vezes na Academia Brasileira de Letras, encontramos uma elipse no último verso (“Eu passarinho!”), no qual podemos identificar o verbo “sou” (ou “serei”, a deduzir pelo tempo verbal do verso anterior).
Já no segundo exemplo, retirado da canção “Preta pretinha”, da banda Novos Baianos, o sujeito “eu” pode ser identificado através da desinência do verbo “vivo”.
Por sua ver, a zeugma, que é um tipo de elipse, trata-se da omissão de um termo já mencionado anteriormente. Veja um exemplo que irá te ajudar a entender melhor:
(3) “O meu pai era paulista
Meu avô pernambucano
O meu bisavô, mineiro
Meu tataravô baiano
Vou na estrada há muitos anos
Sou um artista brasileiro” (Chico Buarque)
Repare como Chico Buarque, na sua canção “Paratodos”, utiliza o verbo “era” somente no primeiro verso da estrofe (“o meu pai era paulista”), nos demais versos, o verbo pode ser recuperado pelo contexto e pelo paralelismo que há entre eles – repare que todos do segundo ao quarto verso, todos são formados por um sujeito, que é um membro da antecedente do eu lírico da canção, e um predicativo do sujeito, que é um gentílico¹ algum estado brasileiro.
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