Mais uma quinta-feira e mais uma viagem incrível pelas figuras de linguagem. Essa semana iremos explicar um pouquinho sobre a anáfora, uma figura de repetição muito utilizada na poesia e em letras de música.
Não precisa se assustar, a anáfora é muito fácil! Essa figura de linguagem se caracteriza pela repetição de algumas palavras no início das orações ou versos, dando muito mais força e enfase para a mensagem que se deseja passar.
Veja alguns exemplos de anáfora na poesia:
1- (E agora, José? – Carlos Drummond de Andrade)
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse…
Mas você não morre,
você é duro, José!
2- (“Poema da Necessidade”, Carlos Drummond de Andrade)
“É preciso casar João,
é preciso suportar, Antônio,
é preciso odiar Melquíades
é preciso substituir nós todos.
É preciso salvar o país,
é preciso crer em Deus,
é preciso pagar as dívidas,
é preciso comprar um rádio,
é preciso esquecer fulana.
É preciso estudar volapuque,
é preciso estar sempre bêbado,
é preciso ler Baudelaire,
é preciso colher as flores
de que rezam velhos autores.
É preciso viver com os homens
é preciso não assassiná-los,
é preciso ter mãos pálidas
e anunciar O FIM DO MUNDO.”
Veja alguns exemplos de anáfora na música:
1- Roda Viva (Chico Buarque)
Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu
A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega o destino pra lá
Roda mundo, roda-gigante
Rodamoinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração.
2 – Águas de Março (Tom Jobim)
“É o pau, é a pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um caco de vidro, é a vida, é o sol
É a noite, é a morte, é um laço, é o anzol
É peroba no campo, é o nó da madeira”
Por que exemplo bom também é exemplo em quantidade, veja a anáfora nos quadrinhos: