“Pela passagem de uma grande dor”, de Caio Fernando Abreu

"De qualquer forma, pensou, desespero. E agradável".

Caio Fernando Abreu é um escritor gaúcho, nascido em 1948 em Santiago do Boqueirão. Contista, cronista e romancista, o autor foi laureado com o Prêmio Jabuti de Literatura em três ocasiões: em 1984, por seu livro “O Triângulo das Águas“; em 1989, por “Os Dragões Não Conhecem O Paraíso“; e em 1996, por “Ovelhas Negras“.

O escritor redigiu boa parte de sua obra durante a ditadura militar. Jornalista, adepto da contracultura e declaradamente homossexual, o autor foi perseguido pelo regime – o que o levou a um exílio de um ano na Europa e a uma temporada de refúgio na Casa do Sol, em Campinas (SP), habitação da escritora Hilda Hilst (com quem o autor teve profundos laços afetivos e literários). Faleceu em 1996, em Porto Alegre, vítima da AIDS.

Publicado pela primeira vez em 1982, Morangos Mofados – livro de contos – ainda hoje é uma das obras mais populares e emblemáticas do autor. Abordando, em sua quase totalidade, temas e experiências característicos da contracultura (uso de drogas, homossexualidade, astrologia, rock ‘n’ roll etc.), o escritor registra um vasto arsenal de histórias e vivências que marcaram uma geração.

O conto “Pela passagem de uma grande dor” é um bom exemplo desta obra. Construído em torno do diálogo entre dois sujeitos – Lui e uma garota que não sabemos o nome -, a obra é um retrato detalhado do lento esfacelamento de uma relação perante uma crise (spoiler: uma gravidez indesejada), e as reações a isso: luta pela manutenção, por parte de um, e o desejo absoluto de fuga e abandono, por parte de outro.

Texto profundamente impactante, foi transformado em um curta-metragem (16min.) homônimo, dirigido por Bruno Polidoro, em 2006. O curta pode ser assistido aqui, e o conto pode ser lido aqui.

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