“Teenagers scare the living sh*t out of me”: a representação de adolescentes na cultura pop

Quando pensamos em adolescentes sendo representados na mídia, na maioria das vezes, nos mantemos presos a estereótipos unidimensionais e...

Quando pensamos em adolescentes sendo representados na mídia, na maioria das vezes, nos mantemos presos a estereótipos unidimensionais e ultrapassados, que sequer fazem sentido no mundo real. A adolescência, que representa um período da vida cheio de dúvidas, fragilidades, incompreensões e turbulências, é reduzida a intrigas e picuinhas de ensino médio entre grupos, como o dos “nerds”, ao invés de indivíduos — fora um outro estereótipo que é o do protagonista que não se encaixa nas dinâmicas sociais do colegial. Apesar de muito populares e bem aceitos pelo público jovem, essas histórias perpetuam uma visão deturpada do que temos como adolescência.

Se você gosta de histórias que mostram jovens reais vivendo de acordo com a idade e com a realidade, continue acompanhando o Estudo de Caso de hoje porque é sobre isso que falaremos!

Atenção: esse não é um espaço seguro para criticar Meninas Malvadas!

Antes de tudo, é importante separarmos os filmes que são dirigidos para serem levados a sério dos que não são. É algo que, de fato, acontece quando uma produção audiovisual é pensada, por isso, é importante que nós, espectadores, também pensemos na credibilidade esperada para atribuirmos às obras que assistimos.

Em Meninas Malvadas, por exemplo, vemos personagens extremamente estereotipados, divididos nos grupos de patricinhas, valentões, nerds e afins. O ponto é que esse é um besteirol estadunidense, planejado para causar riso e entretenimento, mas não reflexões profundas a respeito da adolescência. Por isso, não cabe crucificar o filme. Ele próprio não se propõe a ser levado a sério. Então, não falaremos sobre Meninas Malvadas, As Patricinhas de Beverly Hills ou D.U.F.F. — que também se encaixam no mesmo patamar de credibilidade — para comparação. Na verdade, deixemos de lado a comparação para conversarmos sobre as histórias que nos mostram a juventude com sinceridade.

A Revolução ‘Coming of age’

O Coming of age ou amadurecimento é um gênero literário que mostra a transição de um personagem da infância para a vida adulta, ou seja, a adolescência. Geralmente, os filmes categorizados por esse gênero, na contemporaneidade, são os que mais geram conforto e acolhimento aos jovens, graças a representação fiel dos problemas de identidade, da carga emocional e dos outros desafios que aparecem nessa fase.

Uma obra que representa bem o Coming of age, fugindo do “programa” recorrente das convenções clichês, é As Vantagens de Ser Invisível. No filme de 2012, inspirado no livro homônimo, acompanhamos a jornada do jovem Charlie, um estudante introvertido que acompanha de longe as outras narrativas da escola. Charlie passa a maior parte do tempo no próprio mundo, que, em um lugar, é o seu quarto. Nele, o personagem, aparece ouvindo música, escrevendo e se perdendo nos próprios pensamentos. A ansiedade frequentemente presente na adolescência, mas pouco explorada na mídia até então, pode ser observada em As Vantagens de Ver Invisível com sensibilidade e comoção, de modo que é possível se importar e se identificar com as dores sentidas pelo protagonista sem muito esforço. Em uma época em que a saúde mental, principalmente a de jovens, começava a ser debatida, esse filme conseguiu abrir portas para outro debate: a da inserção do Coming of age na cultura popular.

Um pouco depois, no ano de 2019, fomos apreciados com o lançamento de Booksmart, outro Coming of age, mas, dessa vez, cheio de humor e criticas passivo agressivas direcionadas as convenções socialmente estabelecidas para a vivência dos adolescentes no período escolar. No filme, as regradas amigas Molly e Amy, que sempre se privaram de festas para estudar e, assim, passar na faculdade, ficam chocadas ao descobrirem que aqueles que foram em todas as festas e aproveitaram ao máximo a vida fora da escola, também foram aprovados nas faculdades do sonhos. Com essa descoberta, as duas decidem fazer tudo o que não fizeram nos anos de colegial no último dia de aula. A narrativa segue sem que nenhuma das personagens seja ofuscada pela personalidade da outra. Elas são estranhas, complexas e se entendem como verdadeiras melhores amigas.

Além disso, ambos os filmes supracitados exploram temas que fogem do que acontece exclusivamente no ambiente escolar, como doenças mentais, sexualidade, relacionamentos e autoestima. Por isso, podemos considerar que tanto As Vantagens de Ser Invisível quanto Booksmart revolucionaram as produções audiovisuais sobre a adolescência para adolescentes.

Quem tem medo de adolescente?

A adolescência não é só uma fase transitória da infância para a idade adulta. É uma fase completa. Talvez (e muito provavelmente) a mais complicada da vida. Por isso, a dificuldade em passar por ela e em entender quem está nela. Por isso, também, o medo. E, finalmente, por isso, é importante que consumamos histórias reais, identificáveis e representativas.

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