Aviso: Esse post contém muitos spoilers
,Já aconteceu comigo, com você, com todo mundo!
Quem nunca se sentiu como nessa imagem ao perceber que foi enganado por algum filme, livro ou série?
Quem aí jamais chorou por um personagem que gostava muito, mas depois descobriu que ele não era nada do que pensava? Bom, todas as pessoas já passaram por uma situação parecida. Afinal, isso é uma coisa sempre boa?, é sempre ruim? depende? É exatamente sobre isso que vamos falar no nosso estudo de caso de hoje.
,Tombos com personagens
É fato que sempre estamos sujeitos a nos enganar com personagens, afinal, é muito fácil para o autor passar a imagem que ele quiser, escondendo estrategicamente os pontos que devem ser revelados somente mais à frente. Pensando nisso, a surpresa pode ser uma coisa boa para aqueles que gostam do personagem ou uma coisa ruim.
Um bom exemplo de surpresa agradável foi quando descobrimos que Ray de “The Promised Neverland” sempre soube da verdade sobre qual era o real objetivo do sombrio orfanato em que ele e seus amigos viviam, mas que, mesmo assim, ele não era um vilão e estava tão disposto, tanto quanto os outros, a achar um plano de fuga daquele lugar.
Por outro lado, um personagem que teve um rumo inesperado de uma forma ruim para os espectadores foi o jogador número 1 de “Round 6”, que se revelou a pessoa responsável por todas as atrocidades vistas na série. Essa informação fez com que as pessoas desejassem de volta todas as lágrimas que gastaram com a “morte” desse senhor.
Apesar da sensação de engano ser ou não boa sobre os personagens de quem as pessoas gostavam ou desgostavam, isso não influencia na qualidade do plot twist que, por sua vez, se nos enganou já cumpriu muito bem sua missão. Tendo isso em vista, temos que manter em mente qual seria a melhor estratégia para construir esse processo. Um bom caminho a se tomar é deixar pequenas pistas durante a obra, pistas essas que só serão percebidas por aqueles que assistirem novamente e que gerarão o sentimento de “como eu não notei isso antes?”. Um bom exemplo disso é no filme “O Sexto Sentido”, onde o personagem de Bruce Willis muitas vezes é notado como alguém invisível em situações cotidianas, mas de forma bem sutil, para assim não alarmar quem está vendo antes da hora que ele era, na verdade, um fantasma.
,Tombos com o rumo da história
Mas não são só personagens específicos que podem nos deixar com cara de bobos, os rumos que as histórias tomam fazem isso o tempo todo! Todos nós conhecemos a famosa cena de “eu sou sou seu pai”, ou ficou sem reação na sala de cinema quando descobriu que a batalha de Crepúsculo era só uma visão.
Harry Potter é uma saga recheada de boas reviravoltas, quem conhece as aventuras do menino bruxo pela primeira vez é “tombado” a cada livro, com acontecimentos que conectam e resgatam informações entre as sete histórias.
Outro bom exemplo pode ser encontrado na série “Bad Buddy”, onde os personagens são proibidos de namorar pelos pais e fazem tanto eles, quanto o público, acreditarem que os garotos realmente terminaram sua relação, mas no episódio seguinte a farsa é revelada e nos é mostrado que eles passaram todo esse tempo felizes e juntos (enquanto os espectadores se acabavam de tanto chorar pelo amor que teve “um fim tão triste” , ai ai, eles me pagam).
,Tombos duvidosos
(Atenção ⚠️, aqui o spoiler realmente vai comer solto, se já quis ler esse livro, pule e leia sobre o outro)
Algumas pessoas não gostam de certos plots, e um desses tipos de viradas inesperadas é encontrada no livro “Mentiroros”, de E. Lockhart. Aqui, temos uma narrativa completa e o desenvolvimento de uma protagonista com seu interesse romântico e seus primos, que significava tudo para ela, mas há um porém, ela simplesmente não conseguia lembrar o que tinha acontecido no verão passado. O que ocorreu é que todas essas pessoas importantes para ela que passaram o livro todo interagindo com a garota, na verdade, estavam mortas, haviam falecido no verão passado.
São coisas como essas que irritam algumas pessoas, pois elas alegam que é “preguiçoso” ou “batido” da parte do autor usar a cartada de “todo mundo estava morto” ou “ele estava em coma o tempo todo”, “foi tudo um sonho” etc. Na opinião dessa autora (do post), se bem executada, essa estratégia ainda pode ser usada muito bem, em “Mentirosos”, por exemplo, a autora nos dá várias pistas durante o caminho e fez com que criássemos um laço afetivo muito forte com os personagens, o que torna ainda mais chocante o fato de eles estarem mortos.
Outro livro que nos proporciona esse tipo de sensação é “Caraval”, da Stephanie Garber. Essa obra traz um jogo de ilusão e faz com que duvidemos a cada momento do que estamos lendo, fazendo com que seja ainda mais fácil nos enganarmos. Ao final da narrativa, temos uma sequência absurda de revelações que são anuladas por informações trazidas logo em seguida e esse ciclo se repete muitas vezes. Tendo isso em mente, por que chamar esse final de duvidoso então? Bom, um feedback do público foi que, apesar de os plots trazidos serem muito bons, o número de vezes que eles aconteceram foi exagerado e trazido de uma só vez, assim cansando o leitor e fazendo com que se perca a “graça da brincadeira” (ainda assim, é um livro muito bom e a autora do post recomenda).
,Conclusão
Surpreender os leitores e espectadores é uma dinâmica que dá emoção a uma obra, mas isso deve ser bem executado e escolhido da melhor maneira possível para se encaixar no tipo de reação que você quer causar no público. O importante é que o autor “exploda sua mente” (como no GIF), que não seja previsível e que traga um plot twist tão bom que te deixe com vontade de recomendar para todos os seus amigos, só para eles passarem pelo mesmo tombo que você sofreu .
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