Poesia, arte da abrangência

Quando falamos de poesia, falamos diretamente com uma das coisas mais subjetivas e abrangentes que existem. Portanto, diferente de outros...

Quando falamos de poesia, falamos diretamente com uma das coisas mais subjetivas e abrangentes que existem. Portanto, diferente de outros posts de Escrita Criativa, devemos pensar a poesia de forma completamente diferente, não há como “ensinar” fazer poesia, não existem estruturas fixas, mas sempre existem elementos e gêneros de poema.

A Métrica

É importante? Claro.

Devo seguir sempre? De forma alguma.

A métrica é o recurso onde os poetas contam o número de sílabas, para “medir” o verso, criando um harmonioso ritmo entre os versos do poema.

Os tipos mais utilizados de métrica são:

– Redondilha menor – cinco sílabas;
– Redondilha maior – sete sílabas;
– Decassílabo – dez sílabas;
– Alexandrino – doze sílabas.

Versos livres

Simples. Não há métrica, não existem regras para te prender. No Brasil, o verso livre foi muito propagado pelos modernistas (primeira metade do século XX), até então, verso livre não era comum (ou bem aceito) nos escritores da época.

Rima pobre, rima rica.

A rima pobre é a irmã simples. É quando as palavras que rimam pertencem a mesma classe gramatical.

-correndo, vivendo, sofrendo…

-gato, prato, sapato…

A rima rica é aquela que utiliza palavras com diferentes classes, como:

Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá,
As aves que aqui gorjeiam
Não gorjeiam como .

Quanto a fonética

A rima pode ser toante ou aliterante, algo classificado como “imperfeito”. Ou então consoante, “perfeita”.

Toante: apenas a vogal tônica.

Aliterante: apenas o som da consoante.

Consoante: correspondência entre vogais e consoantes ao mesmo tempo.

“E em louvor hei de espalhar meu canto
 E rir meu riso e derramar meu pranto
 (Vinícius de Moraes)

Você já deve estar familiarizado com os tipos mais canônicos de poema: lírico, épico, dramático/trágico. Entretanto, existem tipos infinitos e escolas diversas. Por tais cânones já serem tão conhecidos e mais “representados” e difundidos, vamos falar um pouco sobre o ponto fora da curva, tipos brasileiros de poesia para você se inspirar.

Poesia Moderna

Ainda que mais conhecida e canônica, a poesia moderna foi o ponto de inicio para todas os gêneros que surgiriam, a partir dela foi possível pensar numa poesia sem estrutura programada, versos livres e o valor do fluxo de pensamento e da criatividade. Seus temas vão de reprovação ao passado parnasianista, as máquinas e a modernização da cidade, além de críticas sociais.

Pronominais

Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro.

Oswald de Andrade

Os Ombros Suportam o Mundo

Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.

Carlos Drummond de Andrade

Poesia Concreta

O que é? Do que se alimenta?

A poesia concreta tem caráter experimental, buscando reverter o poema para um plano visual. Não é só de versos que se faz poesia.

Poesia de mimeógrafo

Definição do site Tropicalia:

http://tropicalia.com.br/ruidos-pulsativos/marginalia/poesia-de-mimeografo

“Poesia de mimeógrafo” foi uma das formas de se batizar a produção de alguns poetas que, durante os anos setenta, passaram a lançar seus livros a partir de cópias feitas, literalmente, em máquinas de xerox e mimeógrafos. Suas poucas cópias eram vendidas de mão em mão, em envelopes ou outros suportes artesanais, concretizando assim um processo alternativo de criação, produção e distribuição do poema. Com poucas cópias, seus trabalhos circulavam de forma restrita entre um público de “iniciados” ou de pessoas que frequentavam eventos como shows, exposições, portas de cinemas ou bares da moda. Também conhecida com o nome genérico de “poesia marginal”, essa poesia foi marcante para toda uma geração que buscou, por meio da literatura, alguma forma de atuação cultural fora dos padrões oficiais da academia e da crítica literária.

Surgindo imediatamente após o movimento Tropicalia, essa poesia era uma força contra a censura do regime militar.

A poesia Slam

Métrica, estruturas e rimas. Não.

O slam é sobre a poesia falada, vem do hip-hop e do rap, é livre.

É principalmente uma poesia de denuncia, de combate ao racismo, a questões políticas e econômicas, um espaço para diversidade

Nada de palco enfeitado, música e figurinos. A denuncia é crua, direta.

Não há como mencionar todo tipo de poema em apenas uma publicação, nossa intenção nos próximos meses é trazer um pouco mais dessa arte para vocês, abrir mais os gêneros e ideias contemporâneas em crescimento. Por isso, não deixem de seguir a Odisseia nas redes sociais.

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