Odisseia Recomenda: Marcelo Rubens Paiva

Como já comentamos em outros posts, a arte não serve apenas para entreter, mas também para ensinar, conscientizar, criticar e fazer...

Como já comentamos em outros posts, a arte não serve apenas para entreter, mas também para ensinar, conscientizar, criticar e fazer refletir. Ela nos permite repensar e redescobrir a verdade. Ela guarda memórias que populações inteiras podem esquecer.

Marcelo Rubens Paiva vivenciou de perto os prejuízos e sofrimentos que uma ditadura militar pode causar. Seu pai, Rubens Paiva, foi morto sob tortura no DOI-Codi e seu corpo nunca foi encontrado. Esse trauma na vida de Marcelo permanece em suas obras até os dias atuais. Em 2015 ele lançou “Ainda Estou Aqui”, um livro sobre memória que tenta manter viva não apenas a memória de sua mãe que está sendo apagada pelo Alzheimer, a sua própria e a de seu pai, mas também as memórias de um período de repressão que não pode se repetir, mas que já é esquecido por boa parte do país que o vivenciou.

Apesar de ter escrito muitos livros, a maioria de ficção, hoje iremos recomendar apenas dois. Os de testemunho.

“Feliz Ano Velho”, o primeiro e mais conhecido livro de Marcelo, foi publicado em 1982. A narrativa conta os anos de juventude do autor, seus primeiros amores e desilusões, suas aventuras e reflexões e seu grave acidente que o deixou tetraplégico.

Além de contar sobre o acidente em si, Marcelo vai falar sobre sua recuperação, sobre o tempo em que ficou no hospital e todas as suas conquistas e lutas diárias que viveu.
Aqui, Marcelo cita o caso de seu pai, mas não profundamente. Ele conta esse momento de sua vida pois fez ele parte de sua formação como pessoa, influenciando diretamente seu presente e futuro.

É em “Ainda Estou Aqui” que Marcelo, utilizando as memórias de outras testemunhas da ditadura e as novas descobertas do caso, conta a história de sua família e o assassinato de seu pai.
Eunice Paiva, sua mãe, sempre lutou pela memória de seu marido e pelos direitos civis, mas como uma ironia do destino, é diagnosticada com Alzheimer. Ao mesmo tempo, seu neto, filho de Marcelo está crescendo e formando as suas memórias. Tudo isso é colocado no livro de forma harmônica e bela.

Essa é uma das leituras essenciais para o momento histórico em que estamos inseridos. Para uma época em que o ódio e a intolerância está retornando com todas as forças precisamos relembrar e reafirmar que este não é um bom caminho.

Sinopse* de Feliz Ano Velho:

Feliz ano velho é o primeiro livro de Marcelo Rubens Paiva. Aos vinte anos, ele sobe em uma pedra e mergulha numa lagoa imitando o Tio Patinhas. A lagoa é rasa, ele esmigalha uma vértebra e perde os movimentos do corpo. Escrito com sentido de urgência, o livro relata as mudanças irreversíveis na vida do garoto a partir do acidente. Ele é transferido de um hospital a outro, enfrenta médicos reticentes, luta para conquistar pequenas reações do corpo. Aos poucos, se dá conta de sua nova realidade, irreversível. E entende que é preciso lutar. O texto expressa a irreverência e a determinação da juventude, mesmo na adversidade, e a compreensão precoce “de que o futuro é uma quantidade infinita de incertezas”. Leitura obrigatória do vestibular da UFRGS.

Sinopse* de Ainda Estou Aqui:

Eunice Paiva é uma mulher de muitas vidas. Casada com o deputado Rubens Paiva, esteve ao seu lado quando foi cassado e exilado, em 1964. Mãe de cinco filhos, passou a criá-los sozinha quando, em 1971, o marido foi preso por agentes da ditadura, a seguir torturado e morto. Em meio à dor, ela se reinventou. Voltou a estudar, tornou-se advogada, defensora dos direitos indígenas. Nunca chorou na frente das câmeras. Ao falar de Eunice, e de sua última luta, desta vez contra o Alzheimer, Marcelo Rubens Paiva fala também da memória, da infância e do filho. E mergulha num momento negro da história recente brasileira para contar – e tentar entender – o que de fato ocorreu com Rubens Paiva, seu pai, naquele janeiro de 1971.

*Sinopse dos livros foram retiradas do site Amazon

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