Um bom personagem é aquele que consegue envolver e te convencer de sua personalidade através da narrativa, e escrevê-lo não é um trabalho fácil, exige dedicação e principalmente muita atenção.
Mas como podemos desenvolver um personagem? Protagonista ou secundário, o que torna um personagem convincente?
Separamos algumas dicas para ajudar nesse processo, mas lembre-se, o personagem é seu, e você precisa conhecê-lo!
Não existem fórmulas, cada autor segue uma técnica para escrever e desenvolver seus protagonistas. Escolher um sistema que você tenha facilidade e te agrade é muito importante; por isso vamos apresentar algumas dicas:
Primeira dica:
Construindo o personagem, o clássico alinhamento
O alinhamento é muito utilizado no RPG no momento de criar o personagem para o jogo. Se trata de uma simples tabela onde você encaixa as principais características dos personagens.
Um personagem leal é aquele ligado a tradições, o caótico é o tipo que ignora as regras para chegar aonde quer.
Muitos personagens famosos se encaixam nessa tabela:
- Bom e leal: Ned Stark (Game of Thrones), Peter Parker (Homem-Aranha)
- Bom e neutro: Jon Snow (Game of Thrones), The 10th Doctor (Doctor Who)
- Bom e caótico: Percy Jackson (Percy Jackson e os Olimpianos), Arya Stark (Game of Thrones), Leia Organa (Star Wars)
- Neutro e leal: Brienne (Game of Thrones)
- Neutro neutro: Barbárvore (Senhor dos Anéis), Hodor (Game of Thrones)
- Neutro caótico: Jack Sparrow (Piratas do Caribe), Deadpool
- Mau e leal: Darth Vader (Star Wars), Dolores Umbrige (Harry Potter)
- Mau e neutro: Petyr Baelish (Game of Thrones)
- Mau e caótico: Joffrey Baratheon (Game of thrones), Coringa (Batman)
Além da tabela de alinhamento, é muito comum que se crie tópicos preestabelecidos para que o autor conheça seu personagem.
- paixão
- objetivo
- acontecimento importante na vida
- infância
- relação com a família
- como o personagem acha que os outros o veem
- hábitos.
- medos
Segunda dica:
O número de personagens presentes no texto
Primeiramente, cuidado com as pontas soltas. A quantidade de identidades em uma obra deve depender da extensão de sua narrativa.
Todo personagem deve ter atenção do leitor e ocupar um espaço e uma função na narrativa. Um texto curto e com muitos personagens, por exemplo, tem muita chance de conter um grande número de personagens fracos, o que é muito grave. Esteja atento a esses personagens soltos na narrativa.
Terceira dica:
Busca e obstáculo
O personagem completo é aquele que busca por algo e encontra obstáculos pelo caminho. Não há necessidade de ser algo externo (como a missão do herói). Seu personagem pode estar buscando algo internamente, consciente ou inconscientemente. Não se preocupe, essa não precisa ser a necessidade foco da história, apenas algo que dê força ao seu personagem. Isso é chamado de “sub-plot”, pequenas buscam que ajudam no desenvolvimento, como uma preliminar para o plot principal.
É interessante que essa busca seja apresentada logo no início do enredo para gerar interesse nos leitores, mas novamente, não existem regras nessa construção.
Quarta dica:
A falha e a ação
Ainda sobre a busca do personagem, é muito importante, nunca se esquecer dos riscos enfrentados por ele. O que o personagem tem a perder? Se ao falhar, nada na história mudar, é possível concluir que esse acontecimento não tenha tanta força e não seja interessante para ser narrado.
Um personagem com bom desenvolvimento estará armado de possibilidades para resolver seus obstáculos, terá capacidade de agir, mesmo que falhe
Quinta dica:
Estrutura de personagem e estereótipo
Existem muitas estruturas básicas para a formação de um personagem. Uma das formas mais famosas é baseada nos deuses Dionísio e Apolo.
- Personagem Dionísio: caótico, trágico e irônico. Se constitui no coletivo e no mundo real.
- Personagem Apolo: ordem, disciplinado. Baseado em luz e amor, vive em um mundo de ilusões. É Individual.
Se basear nessas figuras é possível, mas muito cuidado com os estereótipos. Tente não reduzir seu personagem a sua característica mais marcante a um nível exagerado, deixe-o fluir com mais naturalidade. É normal que um personagem tenha tanto seus momentos Dionísio quanto Apolo, dependendo do contexto.
Sexta dica:
Criar o personagem a partir do cenário
Muitos autores criam primeiro o universo onde a história se passa para depois idealizar os personagens. Essa construção pode facilitar muito na hora da narrativa. Dessa forma, o personagem será estabelecido pelo contexto.
Um bom personagem se relaciona diretamente a uma boa narrativa. Se o personagem for fraco, a narrativa muito provavelmente também será. A construção de um se liga sempre a construção do outro, tente não focar apenas em um.
Sétima dica:
Cuidado com o personagem torta!
Um personagem fraco é aquele que não apresenta falhas e contradições, é linear e perfeito, “preto no branco”.
Mas o que isso tem a ver com o personagem torta? Um personagem torta é sempre um personagem fraco. Para saber se você tem um em seu texto, faça o seguinte teste: seu personagem pode ser substituído por uma torta sem que ocorram alterações na trajetória da narrativa? Se sim, há algo de errado. Isso vale tanto para o protagonista quanto para os personagens secundários.
E aí, curtiu as dicas?
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