Worldbuilding: construindo um universo para a narrativa

O termo worldbuilding do inglês é bem autoexplicativo: significa “construção de mundo”. Implica em criar um universo imaginário, e com...

O termo worldbuilding do inglês é bem autoexplicativo: significa “construção de mundo”. Implica em criar um universo imaginário, e com muita frequência é associado à literatura.

Exemplos não faltam. Mesmo que esse seja um processo anterior à história, que vai ajudar a moldar a narrativa e as personagens, ainda é possível encontrar reflexos mais visíveis dessa prática, como os mapas que decoram as primeiras páginas de diversos livros de fantasia – vide os livros da Crônicas de Gelo e Fogo, de George R.R. Martin ou O Senhor dos Anéis de J. R. R. Tolkien – ou os apêndices explicando algumas questões da cultura do universo – encontrado em O Nome do Vento, de Patrick Rothfuss.

Por ser, justamente, a criação de um mundo novo, é algo utilizado na fantasia e ficção científica. Essa prática ajuda e muito na hora de escrever uma história que não se passa na nossa realidade, exatamente como ela é. É um trabalho que vai ficar mais escondido na narrativa. Não é uma grande revelação que ficará escancarada nas páginas para o leitor, mas vai ajudar a dar consistência à história, mais realidade à invenção, e vai, de uma maneira ou outra, influenciar um pouco em todos os pontos do que está ali escrito.

Certo, mas como fazer essa construção? Para começar, não existe meio certo de se criar um mundo; é possível começar praticamente de qualquer ponto e sair inventando dali. Aqui, vamos sugerir algumas maneiras de fazê-lo:

Métodos

  • De dentro para fora (“inside-out”)

Esse método implica em ter algum ponto da história já definido, e ir construindo a partir dele. Por exemplo: em uma narrativa em que uma personagem pode controlar o fogo, usar o método seria entender como esse poder funciona, dando-lhe limites, consequências, entendendo como isso é visto pelas pessoas ao redor, como impacta a cultura do lugar, a economia…

Usando esse método, o foco e o que será mais trabalhado em detalhes são esses pontos chaves escolhidos para começar a construção, são eles quem irão ditar que caminho o universo tomará.

  • De fora para dentro (“outside-in”)

Nesse método, começa-se construindo a parte geográfica do mundo, entendendo o território e suas fronteiras. A partir daí segue-se fechando mais o foco, indo dos aspectos geográficos para os países, e os governos desses países, e a cultura, e os mitos…

Nesse caso, é um mundo mais “completo” do que o do método anterior, em que geralmente o universo criado está mais finalizado quando começa-se a pensar em personagens e narrativas para serem inseridas nele.

Elementos chaves para a construção de universo bem feito

Por mais fantasiosos que sejam, os universos que criamos tem base na nossa realidade. Assim, mesmo que seja para subverter o que conhecemos, é importante entender e passar pelos pontos chaves que constroem a nossa sociedade para poder criar uma nova. São eles:

  • Geografia:

É legal considerar como é o relevo, a distribuição de rios e mares, o clima, a vegetação… Tudo isso ajuda a entender coisas como quanto tempo leva de um lugar ao outro, se há escassez de água e alimentos, se existem lugares isolados geograficamente… E tudo isso vai impactando na sociedade que viverá ali.

  • Cultura:

Esse é um tópico bem abrangente, e bem importante. Aqui entram os costumes e tradições das pessoas que vivem ali, suas religiões, a arte que criam, o entretenimento que apreciam, suas profissões, seus governos, os tipos de relação de poder que existem ali – desde classes sociais até conflitos entre raças – , além de como essa cultura vê e é vista por outros povos, com culturas diferentes.

  • História:

Querer saber a história de um mundo inteiro, mesmo que seja criação nossa, é muito. Assim, não é preciso saber tudo, sendo importante prestar atenção a eventos traumáticos como guerras ou catástrofes e mudanças de poder. Esse tipo de evento tem notabilidade porque, muito provavelmente, vai ter algum impacto na narrativa que será criada e, com isso em mente, outras ocorrências podem e devem ser incluídas se sabe-se que elas farão diferença para algum ponto da história ou para algum dos personagens.

  • Magia e tecnologia:

Nem todo universo criado terá magia, mas, se for o caso, esse é um dos pontos que merecem bastante atenção também. Tanta, que dedicamos um post inteiro para falar sobre isso. Contudo, para começar, é preciso saber que a mágica na história é um sistema como qualquer outro, e é preciso estabelecer seus limites, como ela é percebida pelas pessoas, quem a utiliza, como, com que consequências, e por aí vai.

A tecnologia também é outro ponto complexo. Ela, de certa forma, liga os pontos anteriores: foram criadas para superar dificuldades geográficas? O que é o motor dessas tecnologias? Quem tem acesso a elas? Elas interferem na educação? O governo as controla ou as usa para controlar? Essas são questões especialmente importantes se tratar-se de um mundo futurístico, por exemplo.

Worldbuilding é um divisor de águas: existem autores que adoram, sendo o processo mais fácil e divertido da escrita de um livro, enquanto existem outros que detestam e mal sabem por onde começar. A ideia desse post é tornar essa prática mais acessível, então, para finalizar, deixo uma lista de links úteis, com sites e aplicativos que oferecem recursos interessantes para a construção de mundo. Há uma escassez de sites em português voltados para esse tipo de atividade, por isso os listados estão em inglês.

https://play.google.com/store/apps/details?id=com.averi.worldscribe&hl=en

http://www.world-builders.org/

http://www.sfwa.org/2009/08/fantasy-worldbuilding-questions/

https://www.worldanvil.com/

https://onestopforwriters.com/features_tools

http://donjon.bin.sh/fantasy/world/

https://referenceforwriters.tumblr.com/post/53049866924/masterlist-original-gods-and-goddesses

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Mariama Soares Sene Pereira
Mariama Soares Sene Pereira
Artigos: 26

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