Na Quinta Gramatical dessa semana trouxemos um pouquinho de mais uma figura de linguagem: o anacoluto.
Consistindo em uma figura de construção (ou figura de sintaxe), o anacoluto funciona como uma desconexão de alguns termos com o resto do período, geralmente utilizando vírgulas para causar uma impressão de “quebra da frase”.
Por exemplo:
A velha hipocrisia, recordo-me dela com vergonha. (Camilo Castelo Branco)
Além disso, o anacoluto têm função de transfigurar a construção padrão das orações por meio de uma pausa no discurso.
Na literatura, o anacoluto traz uma sensação de espontaneidade ao texto, podendo dar ênfase à uma ideia ou ao personagem.
Veja alguns outros exemplos famosos de anacoluto:
“O relógio da parede eu estou acostumado com ele, mas você precisa mais de relógio do que eu”. (Rubem Braga).
““Eu, que era branca e linda, eis-me medonha e escura”. (Manuel Bandeira).
“Umas carabinas que guardavam atrás do guarda-roupa, a gente brincava com elas, de tão imprestáveis.” (José Lins do Rego)