O tema dessa quina gramatical é nada mais nada menos que a silepse. Uma figura de linguagem também intitulada como concordância ideológica, já que se caracteriza por fugir da concordância natural, não seguindo a risca as regras gramaticais. Em outras palavras, a concordância da frase não é feita a partir das palavras na oração, mas sim com uma ideia subentendida. Existem três tipos de silepse: número, gênero e pessoa.
Silepse de número:
Basicamente, é quando existe uma discordância entre o singular e o plural nas orações.
1-“Ninguém quer comprar. Se ainda estamos aberto é por honra da firma.” (José J. Veiga)
2-“Povoaram os degraus muita gente de sorte.” (Camilo Castelo Branco – silepse de número)
Silepse de gênero:
Discordância entre o gênero feminino e o masculino.
1- “Está é uma pessoa ouvindo missa, meia-hora o cansa e o atormenta e faz romper em murmurações”.
2- “Conheci uma criança… mimos e castigos pouco podiam com ele.” (Almeida Garret – silepse de gênero)
Silepse de pessoa:
Surge de uma discordância entre a terceira pessoa do plural e primeira pessoa do plural (sujeito e verbo, respectivamente)
“Enfim, lá em São Paulo todos éramos felizes graças ao seu trabalho (…)” (Rubens Braga)