Paulina Chiziane
A primeira autora moçambicana a publicar um romance faz aniversário neste mês! Paulina Chiziane nasceu no dia 4 de Junho de 1955, na província de Gaza, mas se muda para Maputo logo depois de aprender o português em uma missão católica. Seus estudos superiores começam na Universidade Eduardo Mondlane, em Linguística, mas infelizmente ela não concluiu o curso. Muda-se para a capital e começa a sua luta pela independência do país, que na época ainda era colônia portuguesa. Ela se afilia à FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique), mas só lhe gera decepções. Assim, em 1984, ela se encontra na escrita, inicialmente nos contos. Sua grande influência veio de dentro de sua família, por parte de seu avô, um exímio contador de histórias – sendo assim que ela se define como escritora, já que ela recusa o status de romancista. É em 1990 que publica seu primeiro livro, “Balada de Amor ao Vento”, entretanto o seu maior sucesso é “Niketche: Uma História da Poligamia” (2002). A atividade de escritora é quase que em sua totalidade exercida por homens em Moçambique (basta citar Mia Couto), então foi uma conquista e tanto para Paulina poder publicar seus livros. Sua obra tem como característica a semelhança com a oralidade, falando sobre a mulher e a esperança de tempos melhores. Ao longo de sua carreira, angariou prêmios como o José Craveirinha de Literatura em 2003 e foi designada como embaixadora da paz para a África pela União Africana em 2010. Parabéns, Paulina! Pelo aniversário e pela história de luta!
Sinopse: Niketche: Uma História da Poligamia
Casada com Tony há vinte anos, Rami descobre que o marido tem várias mulheres em outras regiões de Moçambique. Paulina Chiziane, primeira moçambicana a publicar um romance, combina humor e lirismo neste retrato da cultura moçambicana tradicional e das relações entre homem e mulher num país em que a poligamia é um costume arraigado.
Niketche conta a história de Tony, um alto funcionário da polícia, e sua mulher Rami, casados há vinte anos. Certo dia, Rami descobre que o marido é polígamo: tem outras quatro mulheres e vários filhos. As esposas de Tony estão espalhadas pelo país: em Maputo, em Inhambane, na Zambézia, em Nampula, em Cabo Delgado. Numa decisão surpreendente, Rami decide ir atrás das mulheres do marido.
O romance retrata a busca de Rami como uma incursão pelo desconhecido e uma tentativa de lidar com a diferença, simbolizada pelas amantes do marido. Niketche é uma das danças do norte de Moçambique, extremo oposto de onde mora Rami. Ritual de amor e erotismo, a dança é desempenhada pelas meninas durante cerimônias de iniciação.
Patrick Rothfuss
O segundo aniversariante do mês é o sarcástico, o irônico, o sábio, Patrick Rothfuss! Ele nasceu no dia 6 de Junho de 1973, em Madison, Wisconsin. Quando criança, seus pais nunca o deixaram ter acesso a tevê a cabo (hábito que ele diz manter até hoje), sendo somente permitida a leitura e a escrita. Pensando retrospectivamente, ele pensa que aqueles contos e tentativas de poesia foram essencialmente aulas do que ele não deveria fazer. Inicialmente, Patrick começou o curso de Engenharia Química na Universidade de Wisconsin, mas não terminou como tal. Ele garantiu seu diploma em Inglês, mesmo com uma rotina de semestres de folga e vida universitária cheia de festas. Durante esse período, ainda havia a escrita. Os amigos do autor carinhosamente apelidaram a obra dele de “O Livro” enquanto ele tentava levá-lo para as editoras. Esse processo não teve muito sucesso, até que em 2002, ele ganhou o concurso dos Escritores do Futuro, o que o colocou em contato com as pessoas certas. Assim nasce O Nome do Vento (2007). Logo depois, ele se torna um Best-seller do New York Times. A continuação é lançada em 2011, O Temor do Sábio, mas a parte final ainda não foi lançada. Para satisfazer a ânsia do leitor por livros novos, temos A Música do Silêncio. Parabéns, Patrick!
Sinopse: O Nome do Vento
Ninguém sabe ao certo quem é o herói ou o vilão desse fascinante universo criado por Patrick Rothfuss. Na realidade, essas duas figuras se concentram em Kote, um homem enigmático que se esconde sob a identidade de proprietário da hospedaria Marco do Percurso.
Da infância numa trupe de artistas itinerantes, passando pelos anos vividos numa cidade hostil e pelo esforço para ingressar na escola de magia, O nome do vento acompanha a trajetória de Kote e as duas forças que movem sua vida: o desejo de aprender o mistério por trás da arte de nomear as coisas e a necessidade de reunir informações sobre o Chandriano – os lendários demônios que assassinaram sua família no passado.
Quando esses seres do mal reaparecem na cidade, um cronista suspeita de que o misterioso Kote seja o personagem principal de diversas histórias que rondam a região e decide aproximar-se dele para descobrir a verdade.
Pouco a pouco, a história de Kote vai sendo revelada, assim como sua multifacetada personalidade – notório mago, esmerado ladrão, amante viril, herói salvador, músico magistral, assassino infame.
Nessa provocante narrativa, o leitor é transportado para um mundo fantástico, repleto de mitos e seres fabulosos, heróis e vilões, ladrões e trovadores, amor e ódio, paixão e vingança.
Mais do que a trama bem construída e os personagens cativantes, o que torna O nome do vento uma obra tão especial – que levou Patrick Rothfuss ao topo da lista de mais vendidos do The New York Times – é sua capacidade de encantar leitores de todas as idades.
Fernando Pessoa
Junho também seria mês de comemoração para Fernando Pessoa! O multifacetado autor português nasceu no dia 13 de junho de 1888, em Lisboa, mas muito cedo se muda para a África do Sul, onde seu padrasto era cônsul. Torna-se um jovem brilhante e, mesmo iniciando um curso superior de Letras aos 17 anos, decide abandonar para estudar por conta própria (sim, parece que esse caminho é comum entre os escritores desse mês!). Sua carreira literária começa em 1912, com a publicação de um ensaio de crítica literária, e nunca mais para. Ele tinha total certeza de sua genialidade, nunca deixou de guardar algo que escrevera. Era visto pelos parentes como afetuoso, mas muito reservado – eles nem tinham ideia do vasto universo construído por Pessoa. Ele foi um líder ativo do Modernismo, colaborando em Revistas como a Orpheu. Fernando Pessoa não escreve apenas como tal, também usava heterônimos. Ou seja, mais que assinar com outro nome, ele criou características físicas, psicológicas, local de trabalho, visões particulares, tudo que poderia influenciar na escrita de alguém. Os mais conhecidos são: Alberto Caeiro, Álvaro de Campos, Ricardo Reis e Bernardo Soares. O autor faleceu no dia 30 de novembro de 1935, aos 47 anos.
Sinopse: Livro do Desassossego
O narrador principal (mas não exclusivo) das centenas de fragmentos que compõem este livro é o “semi-heterônimo” Bernardo Soares. Ajudante de guarda-livros na cidade de Lisboa, ele escreve sem encadeamento narrativo claro, sem fatos propriamente ditos e sem uma noção de tempo definida. Ainda assim, foi nesta obra que Fernando Pessoa mais se aproximou do gênero romance. Os temas não deixam de ser adequados a um diário íntimo: a elucidação de estados psíquicos, a descrição das coisas, através dos efeitos que elas exercem sobre a mente, reflexões e devaneios sobre a paixão, a moral, o conhecimento. “Dono do mundo em mim, como de terras que não posso trazer comigo”, escreve o narrador. Seu tom é sempre o de uma intimidade que não encontrará nunca o ponto de repouso.
Machado de Assis
Joaquim Maria Machado de Assis, um dos maiores ícones da literatura nacional, faria aniversário esse mês também! Carioca, nascido no dia 21 de Junho de 1839, Machado foi jornalista, contista, romancista, teatrólogo… Enfim, um amante da letras. Não é a toa que se tornou presidente da Academia Brasileira de Letras logo depois de fundá-la e se manteve no cargo por dez anos. Vale lembrar que a Academia também é conhecida como Casa de Machado de Assis. Já contamos aqui no blog que a sua cadeira de nº 23 foi ocupada por ele, tendo como patrono outro grande autor nacional, o José de Alencar. Quanto a sua escrita, Machado publicou nos mais diversos gêneros, inicialmente no período romântico, com obras como “Helena” (1876). Ele é considerado o fundador do Realismo, em 1881, com “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, com o seu famoso defunto autor, publicado em folhetins pela Revista Brasileira. Para finalizar, aqui vai uma curiosidade do autor: ele viveu durante muitos anos na Rua do Cosme Velho, as más línguas diziam que em seu endereço havia um caldeirão, onde ele queimava várias cartas; foi assim que ele recebeu o apelido de “O Bruxo do Cosme Velho”, que só se popularizou com Carlos Drummond de Andrade, quando este escreveu “A um bruxo, com amor”, reverenciando-o. Aos 69 anos, Machado de Assis faleceu no Rio de Janeiro, no dia 29 de setembro de 1908.
Sinopse: Dom Casmurro
Como ler Machado de Assis (1839-1908), o grande escritor brasileiro, autor de uma obra tão rica quanto múltipla, que tanto disse sobre o Brasil e sobre a natureza humana? Esta nova edição de Dom Casmurro, romance publicado em 1899, tem o objetivo de auxiliar o leitor a penetrar no mundo e a conhecer a mente de Machado de Assis. Revista e cotejada com a edição crítica do Instituto Nacional do Livro estabelecida pela Comissão Machado de Assis, traz, além de notas abundantes e de fácil compreensão, um farto material que possibilita um melhor entendimento sobre o autor e sua obra: uma biografia, uma cronologia, um panorama cultural do Rio de Janeiro e um mapa da época.
Capitu, Bentinho e Escobar formam o triângulo amoroso mais conhecido da literatura nacional – com a condição de que acreditemos no narrador de um dos mais polêmicos romances brasileiros. Quem conta a história de Dom Casmurro é o próprio Bento Santiago, agora um senhor maduro que relembra a infância passada no bairro carioca de Matacavalos, quando conheceu o amor de sua vida: Capitu. Com a ironia que lhe é característica, Machado revolucionou o romance de amor, deixando para os leitores um dos grandes enigmas da nossa cultura: afinal, Capitu traiu ou não traiu?
George Orwell
Ou seria Eric Arthur Blair? Bom, George Orwell é o pseudônimo do Eric, nosso último aniversariante homenageado. Ele nasceu no dia 25 de junho de 1903, em Motihari, na Índia. Durante a sua vida, passou situações financeiras diversas, o que definitivamente influenciou no seu modo de ver o mundo. No começo, teve vários benefícios da aristocracia, já que seu pai era funcionário público do Departamento de Ópio do Serviço Civil. Ele foi enviado para um colégio interno inglês e lá percebeu que os funcionários do colégio tratavam melhor aqueles que tinham um maior poder aquisitivo – percebe-se aí que Eric não era exatamente popular. Ele não continua seus estudos para a universidade, assim volta para a Índia, para trabalhar na polícia imperial. Depois de voltar para a Inglaterra, anos depois, ele enfrenta a mendicância, tendo muitas dificuldades para se estabelecer como escritor. Assim, ao lançar o seu primeiro grande livro “Na Pior em Paris e Londres”, ele adota o pseudônimo de George Orwell, já que ele se expunha e não queria envergonhar a sua família. Ele sempre se mostrou crítico aos regimes totalitários, o que aparece sempre em suas principais obras, como 1984 e A Revolução dos Bichos. Ele faleceu em Londres, no dia 21 de Janeiro de 1950.
Sinopse: 1984
Publicada originalmente em 1949, a distopia futurista 1984 é um dos romances mais influentes do século XX, um inquestionável clássico moderno. Lançada poucos meses antes da morte do autor, é uma obra magistral que ainda se impõe como uma poderosa reflexão ficcional sobre a essência nefasta de qualquer forma de poder totalitário.
Winston, herói de 1984, último romance de George Orwell, vive aprisionado na engrenagem totalitária de uma sociedade completamente dominada pelo Estado, onde tudo é feito coletivamente, mas cada qual vive sozinho. Ninguém escapa à vigilância do Grande Irmão, a mais famosa personificação literária de um poder cínico e cruel ao infinito, além de vazio de sentido histórico. De fato, a ideologia do Partido dominante em Oceânia não visa nada de coisa alguma para ninguém, no presente ou no futuro. O’Brien, hierarca do Partido, é quem explica a Winston que “só nos interessa o poder em si. Nem riqueza, nem luxo, nem vida longa, nem felicidade: só o poder pelo poder, poder puro”.
Quando foi publicada em 1949, essa assustadora distopia datada de forma arbitrária num futuro perigosamente próximo logo experimentaria um imenso sucesso de público. Seus principais ingredientes – um homem sozinho desafiando uma tremenda ditadura; sexo furtivo e libertador; horrores letais – atraíram leitores de todas as idades, à esquerda e à direita do espectro político, com maior ou menor grau de instrução. À parte isso, a escrita translúcida de George Orwell, os personagens fortes, traçados a carvão por um vigoroso desenhista de personalidades, a trama seca e crua e o tom de sátira sombria garantiram a entrada precoce de 1984 no restrito panteão dos grandes clássicos modernos.
*Todas as sinopses foram retiradas do site da Amazon