“Ser algo anormal significava servir ao normal. E se você recusasse, eles lhe odiavam… E, muitas vezes, o normal lhe odiava, mesmo quando você os servia.”
Numa terra devastada por uma hecatombe nuclear, uma jovem e misteriosa mulher com o incomum nome de Onyesonwu – que pode ser traduzido como Quem Teme a Morte – descobre que tem superpoderes e foi escolhida para salvar a humanidade. Este seria um romance distópico como qualquer outro se não transcorresse na África. Fantasias, batalhas, tradições e alta tecnologia, sonhos, visões, discriminação racial e sexual, tudo se mistura numa narrativa tensa e poética que confere uma nova linguagem para os romances do gênero.
A recomendação de hoje é a obra Quem Teme A Morte, escrita por Nnedi Okorafor. Como a sinopse da edição feita pela editora Geração já aponta, essa história se distancia do lugar comum do gênero fantástico ao se passar no continente africano – característica que perpassa pelas outras histórias de Okorafor.
A imersão no universo de Onyesonwu é rica e até desafiadora para um leitor com pouco contato com os costumes apresentados na narrativa, claramente criados com inspiração em realidades e/ou histórias africanas. Incentivo a não deixar o estranhamento inicial desanimar a leitura: Quem Teme a Morte, para além de uma experiência cultural vibrante e necessária, também tem um enredo interessantíssimo.
A obra trata de questões sociais pesadas em meio aos poderes mágicos e profecias. Discute-se sobre genocídio, racismo, estupro, opressão feminina perpetuada por tradições antigas. Onyesonwu, a personagem principal, acaba liderando essas discussões por ser vítima ou resultado das violências que a cercam.
Quem Teme A Morte não é um livro fácil, nem oferece um final fácil, previsível. O crescimento de Onyesonwu no decorrer da história é feito de maneira muito honesta, nunca se afastando do que precisa ser discutido, mesmo que isso torne os personagens pouco gostáveis em alguns momentos ou mesmo que signifique um final pouco convencional, mas em completa consonância com o restante da narrativa.
Em resumo, Quem Teme A Morte é uma obra riquíssima, seja em sua prosa, seu enredo ou suas discussões, e vale a pena experiencia-la.
“Nunca saberemos exatamente por que somos, o que somos e assim por diante. Tudo o que você pode fazer é seguir seu caminho até o deserto, e então continuar, porque é assim que deve ser. ”
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