Não era assim no livro! Personagens que se transformaram em adaptações

Quem nunca ouviu frases como "no livro isso não acontece assim", "mas ela não foi descrita dessa forma", ou "isso está estragando minha...

Quem nunca ouviu frases como “no livro isso não acontece assim”, “mas ela não foi descrita dessa forma”, ou “isso está estragando minha infância”? Todo mundo concorda que é uma situação triste quando amamos um livro, mas fazem uma adaptação na história ou em um personagem que não é nada daquilo que conhecemos. Várias vezes, a personalidade e a aparência deles são mudadas radicalmente. Isso, porém, é sempre ruim? Há um limite que deva ser estabelecido para essas mudanças? Por que essas alterações são feitas?

Quer saber as respostas desses questionamentos? Então acompanhe este estudo de caso.

Aparência

A tarefa de escolher atores para interpretar personagens de animações ou de livros nunca é fácil. Afinal, o Percy Jackson simplesmente não pode se materializar em forma humana e aparecer nos estúdios de filmagem da série (apesar de que isso seria totalmente incrível). Sendo assim, sempre temos que estar abertos a uma postura flexível.

O segredo para saber se reclamamos da escalação de um elenco é pensar se a aparência ou a etnia de um personagem é um traço essencial para o desenrolar da história. Vamos ser específicos e comentar sobre casos recentes: as escalações das atrizes Liu Yifei para o papel de Mulan e de Halle Bailey para dar vida à princesa Ariel. A história de Mulan é baseada em uma lenda muito respeitada e antiga da cultura chinesa, carregando um grande peso histórico e social para aquela nação. Sendo assim, era indispensável que a história se passasse nesse país e que tivesse uma atriz chinesa para interpretar a heroína. É fácil entender se pensarmos: “Há como existir Mulan sem a invasão do Hunos? Há como existir Mulan sem um sistema de exército que não aceita mulheres? Há como existir Mulan sem todas as referências culturais e religiosas da China?”

Spoiler: a resposta para todas as perguntas acima é um sonoro “não”.

Agora, vamos pensar na Pequena Sereia. Ariel é uma sereia que sonha em poder viver no mundo dos humanos, pois é fascinada pelo modo como eles levam as suas vidas. Isso é (claramente) um fato independente da sua aparência. Para facilitar, vamos à seção de perguntas: “Sereias têm uma etnia fixa? Há um povo marítimo secreto com uma cultura que não pertence à Halle? A cor da pele de Ariel foi uma peça central para o plot da animação?”

Como você já deve imaginar, a resposta de todas essas perguntas também é “não”. Tendo isso em vista, não importa como essa sereiazinha vai parecer, desde que ela seja determinada, curiosa, gentil e cante tão bem como a Ariel; qualquer atriz poderia interpretá-la.

Personalidade

Aos fãs de Harry Potter de plantão, quem nunca se irritou com o fato de a Gina Weasley dos filmes ser uma planta em comparação à menina dos cabelos de fogo dos livros?

Nas páginas, após ser questionada por Harry ao se oferecer para ajudar em uma situação perigosa, a garota diz a ele: “Sou três anos mais velha do que você era quando enfrentou Você-Sabe-Quem pela posse da Pedra Filosofal, e fui eu que deixei Malfoy sem ação na sala da Umbridge atacado por papões voadores”. Essa não é a única vez em que a caçula dos Weasley não deixa barato no universo das palavras, mas nada disso – infelizmente – foi passado para o mundo das telas.

Outro caso de mudança de personalidade é do crush que atravessou séculos nos corações de todos, o Sr. Darcy. Nos filmes, já temos vontade de socar essa linda carinha que o nobre carrega, mas, nos livros, ele é de uma proeza incrível: ser ainda mais chato!

É claro que ele tem um arco de redenção e também evolui nas páginas. Porém, até esse momento, temos que trabalhar muito as nossas paciências.

Temos dois grandes casos aqui. O primeiro mostra uma grande perda para a história, deixando uma personagem assertiva e divertida com gosto de chuchu. No entanto, já a segunda análise foi de uma mudança positiva, pois fez com que tivéssemos mais empatia pelo galã e reforçássemos o efeito que Jane Austen queria: que todos nos apaixonássemos por ele.

Motivação

A essa altura do campeonato, já sabemos o quanto representatividade é importante! É difícil crescer e não se enxergar em nada do que ama, ser fã de um universo onde ninguém é igual a você. Um exemplo positivo de mudança foi em Fate: A Saga Winx, que adicionou uma mulher gorda ao elenco principal, sendo alguém com um tipo de corpo que não existia na obra original. Apesar disso, o elenco também trocou uma personagem originalmente asiática por uma mulher branca, erradicando a única representatividade amarela da animação. Portanto, deve-se ter certo cuidado ao julgar: um acerto também não isenta a ocorrência de erros.

A mudança, às vezes, nem precisa ser historicamente situada! Bridgerton é um ótimo exemplo de como, em um universo imaginário, o autor é quem manda! A partir dessa série, garotos e garotas negros, asiáticos e de outras etnias puderam se ver em um romance de época no modelo da realeza inglesa. Na primeira temporada, o plot foi o mesmo que o apresentado no livro, e o fato de Simon ser um homem preto não mudou em nada o desenvolver do romance que ele tem com Daphne.

Conclusão

Sabemos o quanto é difícil esperar ansiosamente por uma adaptação de uma obra de que tanto gostamos e ela não ser exatamente igual ao original. Entretanto, se as mudanças não se encaixarem em nenhum dos casos mencionados aqui (tirar a toda a essência de um personagem ou uma característica étnica que é central para o enredo), esteja disposto a se adaptar. Seja crítico quando necessário, mas dê uma chance. Você pode se surpreender!

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