Há alguns meses, falamos sobre como não escrever uma personagem com deficiência. Iniciamos o post com dois conselhos, o primeiro: escreva pessoas com deficiência; e o segundo: fique a par dos estereótipos e fuja deles a todo custo. Esse último conselho abre espaço para uma pergunta: sei o que não devo fazer, mas o que devo fazer, então? A pergunta é válida e é a partir dela que foi elaborado esse post de hoje. Vamos falar sobre maneiras corretas e interessantes de criar uma personagem com deficiência.
Pesquise – empatia não é o suficiente
Já demos esse mesmo conselho em vários posts sobre representatividade, tanto especificamente de ,,personagens femininas quanto de ,,dicas gerais, e continuaremos batendo nessa tecla, porque é a atitude mais básica para se ter.
O que não faltam são vídeos, artigos e todo tipo de informação sobre pessoas com deficiência. E não, pesquisa, nesse caso, não quer dizer simplesmente entender a deficiência do ponto de vista médico; é preciso ir além da parte técnica e realmente escutar quem experiencia a deficiência. Algumas coisas interessantes para se levar em conta na hora de pesquisar e para escrever, depois:
- Como a pessoa percebe e descreve sua deficiência?
- Qual a terminologia usada por eles?
- Como se adaptaram à deficiência e que tipo de tecnologias e técnicas usam para tal?
- Como as outras pessoas reagem e interpretam erroneamente a deficiência em questão?
Por fim, é preciso lembrar que não importa quanta pesquisa fizemos, nunca será o suficiente. Empatia e informação são ótimas e essenciais, tanto como escritor quanto como ser humano, mas não se equiparam a vivenciar a deficiência. Entendimento não é o mesmo experiência. Assim, é preciso estar disposto a aprender sempre!
Vá além das deficiências mais comuns na mídia
Existem inúmeros tipos de deficiência, algumas visíveis, físicas, e outras invisíveis, mentais. Não tem nada de errado em escrever uma personagem paraplégica, por exemplo, mas é preciso ter noção várias outras questões para serem exploradas que merecem ser representadas, e de maneira bem feita, na mídia.
É um personagem: como todos os outros, lhe dê personalidade, passado e um arco narrativo interessante
Bom, se entender não é o mesmo que experienciar, então não é uma boa ideia escrever uma história focando na deficiência. Ora, se você nunca viveu aquilo, como esperar que tentar descrever essa vivência tão de perto seja uma empreitada bem sucedida? Mesmo que, por alguma grande sorte, consiga-se evitar estereótipos, essa história funcionaria melhor nas mãos de uma pessoa com deficiência. É um direito dela poder contar sua própria história com suas próprias palavras.
O que fazer, então? É um personagem como qualquer um! Dê-lhe uma personalidade, com gostos, implicâncias, sonhos, ambições, medos, defeitos. É lógico que a deficiência terá impacto em aspectos da vida desse personagem, e é importante mostrar isso, mas essa não deve ser a sua única característica.
Diversifique!
Com frequência nas representações que vemos na mídia, parece haver uma regra de “cada personagem representando uma minoria por vez”. O que isso quer dizer, é que há inúmeros personagens com deficiência que são homens, brancos e héteros. E, bem, a realidade não é assim.
Assim, o conselho final desse post é: escreva gente de verdade. Escreva personagens com deficiência negros, asiáticos, indígenas, LGBTQ+. Pode se apresentar como um desafio, se propor a juntar tantas experiências que não são familiares, mas, apesar de requerer pesquisas diferentes, é um movimento importantíssimo e que só irá trazer benefícios, tanto para o crescimento do escritor quanto para os leitores que terão acesso a uma representação bem feita de si mesmos naquelas páginas.
Esse post foi escrito, em grande parte, com base nas informações do site abaixo. Vale a pena conferir!
,,https://mythcreants.com/blog/four-tips-for-depicting-characters-with-disabilities/
,,https://mythcreants.com/blog/five-signs-your-story-is-ableist/
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